A Fonoaudiologia e o TDAH

14/10/2019 | Aconteceu no CER

O TDAH é um quadro clínico muito prevalente na infância e na adolescência, podendo ser resultado da interação de alguns fatores, genéticos e ambientais. O diagnóstico do TDAH é predominantemente clínico tendo como sintomas, a  desatenção, a hiperatividade e a impulsividade de acordo com os critérios estabelecidos pelo Diagnostic and Statistical Manual of Mental Health Disorder (DSM5). Estes sintomas podem levar a um comprometimento nas atividades cotidianas, na vida acadêmica e nas relações sociais.

Estudos têm demonstrado alterações nas Funções Executivas nos portadores de TDAH, o que inclui dificuldade na resolução de problemas, flexibilidade mental, inibição cognitiva e comportamental, controle motor e auto-regulação.

Devido a essas alterações nas Funções Executivas, principalmente déficits de atenção e de controle inibitório, pessoas com TDAH podem apresentar dificuldades de linguagem e atraso na fala. Os aspectos da linguagem mais prejudicados nesses escolares são o fonológico, o sintático e o pragmático.

Habilidades como a memória operacional, a consciência fonológica e a nomeação automática também podem estar prejudicadas nesses indivíduos, o que trará como consequência alterações nas habilidades de leitura (decodificação de uma palavra, por exemplo, quando o escolar começa a ler corretamente o início de uma palavra e depois inventa o restante; e compreensão/interpretação de texto), e escrita (cópia, ortografia e organização das ideias, para elaboração de respostas ou produção textual, por exemplo).

Segundo estudos, cerca de 80% dos casos de TDAH sem tratamento adequado apresentam baixo rendimento escolar, sendo que destes, por volta de 45% repetirá pelo menos um ano escolar. O TDAH pode estar associado, à cerca de 30%, com transtornos específicos de aprendizagem como a dislexia, a disgrafia e a discalculia.

Como um dos principais sintomas do TDAH é a desatenção, o fonoaudiólogo atuará para que a atenção da criança seja aprimorada. Além disso, o profissional auxiliará nas habilidades relacionadas com a comunicação oral que pode igualmente estar prejudicada. Esse transtorno pode abrir a porta para outros transtornos, como o da leitura oral e escrita, por exemplo.

Além da dislexia (que é um transtorno específico da leitura), pessoas com TDAH, também podem ter uma alteração do processamento auditivo (como causa primária ou secundária), que poderá contribuir para o aumento das dificuldades em fase escolar.

O fonoaudiólogo é o profissional que atua na promoção da saúde, prevenção, avaliação e diagnóstico, orientação, terapia e aperfeiçoamento da comunicação humana, em todos os seus aspectos. Dentre as áreas de competência deste profissional está o aprimoramento das habilidades de linguagem oral, compreensão e escrita.

A intervenção fonoaudióloga à pessoas com TDAH visa aprimorar as habilidades comunicativas, como a organização do discurso e a ampliação do repertório linguístico, o processamento auditivo, com atividades para aperfeiçoar as habilidades de atenção auditiva, fechamento auditivo, memória auditiva, figura-fundo para sons linguísticos e a consciência fonológica, favorecendo assim, na aquisição da Linguagem, no desenvolvimento da fala, no processo de desenvolvimento acadêmico, bem como interação e socialização.

O fonoaudiólogo também atua na orientação à família e à escola, auxiliando coordenadores e professores a encontrarem uma melhor maneira de conduzirem estas pessoas ao sucesso acadêmico.

 

Sugestões para intervenções em sala de aula ao TDAH

 

Há uma grande variedade de intervenções específicas que o professor pode fazer para favorecer a criança com TDAH a se ajustar melhor à sala de aula:

 

  1. Proporcionar estrutura, organização e constância (exemplo: sempre a mesma arrumação das cadeiras ou carteiras, programas diários, regras claramente definidas);

 

  1. Colocar a criança perto de colegas que não o distraiam ou provoquem, como perto da mesa do professor, na parte de fora deste grupo;

 

  1. Encorajar frequentemente, elogiar e ser afetuoso, porque essas crianças desanimam facilmente;
  2. Dar responsabilidades que elas possam cumprir faz com que se sintam valorizadas. Começar com tarefas simples e gradualmente mudar para mais complexas;

 

  1. Proporcionar um ambiente acolhedor, demonstrando calor e contato físico de madeira equilibrada e, se possível, fazer os colegas também terem a mesma atitude;

 

  1. Nunca provocar constrangimento ou menosprezar o aluno;

 

  1. Proporcionar trabalho de aprendizagem em grupos pequenos e favorecer oportunidades sociais. Grande parte das crianças com TDAH consegue melhores resultados acadêmicos, comportamentais e sociais quando no meio de grupos menores;

 

  1. Comunicar-se sempre com os pais. Geralmente, eles sabem o que funciona melhor para o seu filho;

 

  1. Ir devagar com o trabalho. Doze tarefas de 5 minutos cada uma traz melhores resultados do que duas tarefas de meia hora;

 

  1. Favorecer oportunidades para movimentos monitorados, como uma ida à secretaria, levantar para apontar o lápis, levar um bilhete para o professor, regar as plantas ou dar apenas andar pelo pátio;

 

  1. Adaptar suas expectativas quanto à criança, levando em consideração as deficiências e inabilidades decorrentes do TDAH. Por exemplo, se o aluno tem um tempo de atenção muito curto, não esperar que ele se concentre em apenas uma tarefa durante todo o período da aula;

 

  1. Recompensar os esforços, a persistência e o comportamento bem sucedido ou bem planejado;

 

  1. Proporcionar exercícios de consciência e treinamento dos hábitos sociais da comunidade. Avaliação frequente sobre o impacto do comportamento da criança sobre ela mesma e sobre os outros ajuda bastante;

 

  1. Colocar regras, limites claros e objetivos; ter uma atitude disciplinar equilibrada e proporcionar avaliação frequente, com sugestões concretas e que ajudem a desenvolver um comportamento adequado;

 

  1. Assegurar que as instruções sejam claras, simples e dadas uma de cada vez, com um mínimo de distrações;

 

  1. Evitar segregar a criança que talvez precise de um canto isolado com biombo para diminuir o apelo das distrações; fazer do canto um lugar de recompensa para atividades bem feitas em vez de um lugar de castigo;

 

  1. Desenvolver um repertório de atividades físicas para a turma toda, como exercícios de alongamento ou isométricos;

 

  1. Estabelecer intervalos previsíveis de períodos sem trabalho que a criança pode ganhar como recompensa por esforço feito. Isso ajuda a aumentar o tempo da atenção concentrada e o controle da impulsividade;

 

  1. Reparar se a criança se isola durante situações recreativas barulhentas. Isso pode ser um sinal de dificuldades de coordenação ou auditivas que exigem uma intervenção sensorial adicional;

 

  1. Preparar com antecedência a criança para as novas situações. Ela é muito sensível em relação às suas deficiências e facilmente se assusta ou se desencoraja;

 

  1. Desenvolver métodos variados utilizando apelos sensoriais diferentes (som, visão, tato) para ser bem sucedido ao ensinar uma criança com TDAH;

 

  1. Não ser mártir! Reconhecer os limites da sua tolerância e modificar o programa da criança com TDAH até o ponto de se sentir confortável. O fato de fazer mais do que realmente quer fazer traz ressentimento e frustração;

 

  1. Permanecer em comunicação constante com a família, o psicólogo ou orientador da escola. Eles serão o elo entre o aluno e o meio escolar.

 

 

Disponível em: https://www.tudosobretdah.com.br/a-fonoaudiologia-e-o-tdah/. Acesso em: 26 Ago 2019.

Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=-JivBAAAQBAJ&printsec=frontcover&dq=DSM5+pdf&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiln9W0y6DkAhW1HrkGHfYFBJkQ6AEIOTAC#v=onepage&q=DSM5%20pdf&f=false Acesso em: 26 Ago 2019.