Fisioterapia Informa: A lesão medular e os cuidados com a pele

31/08/2017 | CER Informa

A lesão medular acarreta um período de internação prolongado, com imobilização total enquanto a lesão ainda está instável. Principalmente nesse período, é preciso ter cuidado com as lesões de pele, as chamadas Lesões por Pressão, que podem trazer consequências graves à condição clínica do paciente. Entretanto, esse tipo de lesão pode aparecer mesmo depois de muito tempo desde a lesão medular. Por isso, é importante que alguns cuidados sejam sempre tomados.

As lesões por pressão ocorrem devido à imobilização, à falta de sensibilidade no local e à vasoplegia, consequentes da lesão medular. Essa lesão começa em poucas horas de compressão da pele, iniciando como uma vermelhidão superficial, podendo evoluir para uma ferida que pode aprofundar até o osso (casos mais graves).

Quando uma pessoa com sensibilidade e motricidade normais permanece na mesma posição por muito tempo, logo vem a sensação de formigamento e câimbras, que fazem com que o indivíduo mude de posição, mesmo enquanto está dormindo. Essa ação alivia a pressão exercida pelas proeminências ósseas na pele, evitando as lesões. Entretanto, o paciente com lesão medular não possui sensibilidade no local e permanece imobilizado por tempo prolongado, o que mantém a causa da lesão cutânea. Aos poucos, a pele pressionada pelo osso perde a irrigação sanguínea e sofre necrose, fato auxiliado pela vasoplegia que dificulta ainda mais a nutrição tecidual. As lesões por pressão são mais comuns na região dos trocânteres, ísquios, sacro, calcâneos, maléolos, joelhos, crista ilíaca, cotovelos, occipital e escápulas.

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Locais de aparecimento frequente das lesões por pressão

É preciso que todos saibam que é mais fácil prevenir as lesões por pressão do que tratá-las, e o método mais eficaz para isso é a mudança de decúbito constante, de modo que as áreas de pressão sejam redistribuídas. Existem hoje almofadas para cadeira de rodas e colchões especiais, com densidades apropriadas, para auxiliar na prevenção dessas lesões.

Para os pacientes tetraplégicos, é preciso que a família e os cuidadores tenham muita disciplina para que a mudança de decúbito e a higiene apropriada da pele sejam feitas com rigor. Já os pacientes paraplégicos possuem outros métodos de auto cuidado que precisam ser adotados para prevenir as lesões na pele. Entre estes métodos estão: os push-ups frequentes (na cadeira de rodas, o paciente pode se utilizar dos membros superiores para aliviar o peso sobre os quadris, empurrando os braços da cadeira para erguer o corpo); e as mudanças de decúbito, usando a força de membros superiores e de tronco (quando houver) para rolar na cama, trocando a posição de “barriga para cima” para o decúbito lateral e vice-versa.

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Auto cuidado do cadeirante para prevenir as lesões por pressão

As lesões por pressão atrapalham a qualidade de vida do paciente, que muitas vezes cursam com declínio do seu estado geral, apresentando infecções, febre e anemia. Muitos pacientes relatam que essa alteração na condição clínica incomoda mais do que a própria lesão medular, pois, quando presentes, as lesões cutâneas podem impedir a realização de uma série de atividades, como a hidroterapia, alguns exercícios de fisioterapia e a equoterapia (quando a lesão surge em ísquios e sacro, por exemplo).

As atividades laborais também podem estar comprometidas, já que o paciente apresenta muitas vezes um mal estar generalizado decorrente das alterações clínicas causadas pelas lesões. Além disso, as consequências emocionais muitas vezes influenciam a vida social do paciente, que passa a não querer mais sair de casa ou receber visitas, porque as feridas podem apresentar mau cheiro ou porque os curativos ficam visíveis.

Os tratamentos disponíveis hoje variam desde o uso de medicamentos, até o desbridamento cirúrgico (retirada cirúrgica do tecido necrosado). Os curativos devem ser trocados de acordo com as coberturas utilizadas e com as saturações das mesmas.

 

 

Fontes:
https://tathianatrocoli.wordpress.com/2009/10/11/lesao-medular-cuidados-com-a-pele/;
http://www.lesaomedular.com/;
– Dias AO, Kameo SY, Moroóka M. Úlcera de Pressão em Pacientes com Lesão Medular: Um Problema Constante? Terra e Cultura; 9 (36): 2000;
http://www.bengalalegal.com/;
http://boasaude.uol.com.br/;