A visão é o sentido mais importante para a criança: olhando ela observa suas ações, suas atitudes, as pessoas, os gestos, e o meio em que vive, possibilitando interação com o meio ambiente que a cerca, com objetos, formando significados.
A criança que tem a visão é motivada a agir e a explorar os objetos porque os vê, percebe o seu meio e entende os estímulos que levam à ação. Já a criança com baixa visão/cegueira pode não captar esses estímulos ou não saber como reagir a eles.
A não utilização do resíduo visual pode levar a criança a não desenvolver suas habilidades e capacidades. Ela não terá a visão como motivação, pois, não vendo os objetos ou brinquedos, não é estimulada a manuseá-los, mesmo quando colocado em suas mãos. Estes precisam estar acessíveis aos olhos e às mãos, para que ela possa ver ou tocar e, dessa forma, ao ir em busca do brinquedo, começar a brincar espontaneamente. Portanto ela precisa de ajuda até para brincar.
O brincar é fundamental para a criança com baixa visão/cegueira, por favorecer e despertar seu interesse em conhecer e explorar. O brinquedo é um facilitador do desenvolvimento das atividades lúdicas pois desperta a curiosidade, exercita a inteligência, permite a imaginação e a invenção, estimulando a representação e a expressão de imagens que evocam a percepção da realidade. Os jogos e brinquedos que desenvolvem as percepções tátil e auditiva ajudam-na a aprimorar os sentidos que ela utilizará para compensar a deficiência visual.
Ao apresentarmos à criança com baixa visão um objeto ou brinquedo, temos que associar a este estímulo visual ou tátil- cinestésico, a informação verbal e a função do objeto, para que ela possa construir seu sistema de significados e aprender a brincar.
Algumas crianças com deficiência visual apresentam movimentos rítmicos próprios e particulares como balançar o corpo e a cabeça, agitar os braços, movimentar as mãos diante dos olhos, esfregar as mãos, apertar os olhos, como forma de auto- estimulação, de comunicação e de expressão de seus sentimentos, emoções e tensões. Estas crianças necessitam de mais atenção devido à grande dificuldade de interagir com o ambiente e com as pessoas e também de explorar e brincar, buscando prazer no próprio corpo.
A baixa visão é uma condição em que existe o comprometimento das funções visuais, mesmo com a utilização de correções ópticas. A criança com baixa visão pode apresentar alterações da acuidade visual, do campo visual, da sensibilidade ao contraste, visão de cores e da adaptação à luminosidade.
As funções visuais são as ações fisiológicas do sistema visual em resposta a coisas observadas. Avaliam e descrevem o funcionamento das estruturas oculares e são geralmente avaliadas por oftalmologistas, com testes e exames clínicos específicos.
A visão funcional, ou capacidade funcional da visão refere-se à interação da percepção visual e do ambiente, ou quão bem as pessoas enxergam em suas vidas cotidianas. Avalia e descreve como a pessoa funciona ou é eficiente para a realização de atividades cotidianas relacionadas à visão: contato de olho, fixar e seguir um objeto em movimento (motivação, atenção), discriminação e reconhecimento de formas, tamanhos e cores etc.
A visão funcional inclui muitas funções, como a visão central, que interfere principalmente com a visão dos pormenores, na leitura ou na identificação de um rosto, sendo de extrema importância na execução das tarefas da vida diária; já a visão periférica nos ajuda a perceber objetos em nossa visão lateral, sendo importante em atividades como o deslocamento e a condução – segurança dos indivíduos.
Geralmente a avaliação da visão funcional é realizada por profissionais que atuam na habilitação, na reabilitação e na educação.
Referências