A Reabilitação Visual

22/11/2017 | Cantinho da Terapia Ocupacional
Setor de Terapia Ocupacional
Autora: Elisa Maria da Silva Almeida

A visão é o sentido mais importante para a criança: olhando ela observa suas ações, suas atitudes, as pessoas, os gestos, e o meio em que vive, possibilitando interação com o meio ambiente que a cerca, com objetos, formando significados.

A criança que tem a visão é motivada a agir e a explorar os objetos porque os vê, percebe o seu meio e entende os estímulos que levam à ação. Já a criança com baixa visão/cegueira pode não captar esses estímulos ou não saber como reagir a eles.

A não utilização do resíduo visual pode levar a criança a não desenvolver suas habilidades e  capacidades. Ela não terá a visão como motivação, pois, não vendo os objetos ou brinquedos, não é estimulada a manuseá-los, mesmo quando colocado em suas mãos. Estes precisam estar acessíveis aos olhos e às mãos, para que ela possa ver ou tocar e, dessa forma, ao ir em busca do brinquedo, começar a brincar espontaneamente. Portanto ela precisa de ajuda até para brincar.

O brincar é fundamental para a criança com baixa visão/cegueira, por favorecer e despertar seu interesse em conhecer e explorar. O brinquedo é um facilitador do desenvolvimento das atividades lúdicas pois desperta a curiosidade, exercita a inteligência, permite a imaginação e a invenção, estimulando a representação e a expressão de imagens que evocam a percepção da realidade. Os jogos e brinquedos que desenvolvem as percepções tátil e auditiva ajudam-na a aprimorar os sentidos  que ela utilizará para compensar a deficiência visual.

Ao apresentarmos à criança com baixa visão um objeto ou brinquedo, temos que associar a este estímulo visual ou tátil- cinestésico, a informação verbal e a função do objeto, para que ela possa construir seu sistema de significados e aprender a brincar.

Algumas crianças com deficiência visual apresentam movimentos rítmicos próprios e particulares como balançar o corpo e a cabeça, agitar os braços, movimentar as mãos diante dos olhos, esfregar as mãos, apertar os olhos, como forma de auto- estimulação, de comunicação e de expressão de seus sentimentos, emoções e tensões. Estas crianças necessitam de mais atenção devido à grande dificuldade de interagir com o ambiente e com as pessoas e também de explorar e brincar, buscando prazer no próprio corpo.

 

Entendendo a função visual e a visão funcional

A baixa visão é uma condição em que existe o comprometimento das funções visuais, mesmo com a utilização de correções ópticas. A criança com baixa visão pode apresentar alterações da acuidade visual, do campo visual, da sensibilidade ao contraste, visão de cores e da adaptação à luminosidade.

As funções visuais são as ações fisiológicas do sistema visual em resposta a coisas observadas.  Avaliam e descrevem o funcionamento das estruturas oculares e são geralmente avaliadas por oftalmologistas, com testes e exames clínicos específicos.

A visão funcional, ou capacidade funcional da visão refere-se à interação da percepção visual e do ambiente, ou quão bem as pessoas enxergam em suas vidas cotidianas. Avalia e descreve como a pessoa funciona ou é eficiente para a realização de atividades cotidianas relacionadas à visão: contato de olho, fixar e seguir um objeto em movimento (motivação, atenção), discriminação e reconhecimento de formas, tamanhos e cores etc.

A visão funcional inclui muitas funções, como a visão central, que interfere principalmente com a visão dos pormenores, na leitura ou na identificação de um rosto, sendo de extrema importância na execução das tarefas da vida diária; já a visão periférica nos ajuda a perceber objetos em nossa visão lateral, sendo importante em atividades como o deslocamento e a condução – segurança dos indivíduos.

Geralmente a avaliação da visão funcional é realizada por profissionais que atuam na habilitação, na reabilitação e na educação.

 

Referências

GAGLIARDO, HELOISA G. R. GARDON E NOBRE, MARIA INÊS R. S. Intervenção Precoce na Criança com Baixa Visão. Rev. Neurociências 9(1): 16-19, 2001
MOTTA, M. P.; MARCHIORE, L. M. E PINTO, JOYCE H. Confecção De Brinquedo Adaptado: uma proposta de intervenção da terapia ocupacional com crianças de baixa visão. O Mundo da Saúde. São Paulo: 2008: abr/jun 32(2):139-145.
NOBRE, M. I. R. S.; FIGUEIREDO, M.O.; DANELUTTI, U.C. V. E MNTILHA, LETTO, R.C. A Terapia Ocupacional Na Reabilitação De Crianças Com Baixa Visão. Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação “Prof. Dr. Gabriel O. S. Porto” (CEPRE), Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (FCM-UNICAMP).
SAÚDE, Ministério da. Secretaria de Atenção à Saúde: DIRETRIZES DE ESTIMULAÇÃO PRECOCE – Crianças de zero a 3 anos com Atraso no desenvolvimento Neuropsicomotor Decorrente de Microcefalia. Brasília, 2016.